A Valorização Econômica do Domínio do Cerrado



















A valorização econômica do Domínio do Cerrado intensificou-se a partir das décadas de 1950 e 1960, com a construção de Brasília e a abertura de rodovias de integração nacional conectando o Centro-oeste ao Sudeste e à Amazônia. As infra-estruturas viárias e a correção dos solos pela adição de calcário permitiram a expansão da fronteira agrícola e a implantação de várias áreas de pastagens e culturas de soja, algodão e grãos no Brasil Central.
A agricultura moderna modificou extensamente essa paisagem natural. Cerca de dois terços do Domínio do Cerrado encontram-se profundamente alterados pela ação antrópica. As práticas agrícolas tecnificadas vêm intensificando os processos erosivos: a retirada da vegetação natural aumenta o impacto das enxurradas tropicais sobre o solo, enquanto a mecanização os torna mais compactos, declinando as taxas de infiltração. O resultado são as ravinas e voçorocas que aparecem constantementes conforme retratado na figura acima.
Uma variedade de palmeiras são encontradas entre o cerrado do norte de Minas Gerais, formando uma paisagem exuberante, raramente encontradas em outras regiões. A macaúba fornece frutos e castanhas que servem para extrair óleos comestíveis muito apreciados na culinária regional.




Nascente de um córrego no meio do cerrado, próximo ao Mocambo no munípio de Coração de Jesus-MG.

O DOMÍNIO DO CERRADO




Fazenda Mocambo no município de Coração de Jesus-MG.















O Domínio do Cerrado abrange mais de um quinto da área do Brasil. O cerrado tem como núcleos os planaltos e chapadões do Brasil Central, submetidos ao clima tropical. Contudo, manchas isoladas de cerrados ocorrem no Domínio Amazônico e no Domínio dos Mares de Morros, no estado de São Paulo.


Do ponto de vista fisionômico, o cerrado é uma savana tropical, ou seja, uma formação na qual o estrato de árvores e arbustos coexiste com o da vegetação rasteira formada essencialmente por gramíneas. Do ponto de vista da flora, é uma formação especificamente brasileira, bastante distintas das savanas africanas. No mosaico do cerrado, entrelaçam-se trechos de campos limpos ( predominância de gramíneas ), campos sujos ( gramíneas e arbustos ), campos cerrados (predominância de arbustos, com espécies de 3 a 5 metros ) e cerradões (bosques com copas que se tocam e criam sombra, nos quais o estrato herbáceo-arbustivo é rarefeito). Ao longo das margens dos rios, onde a umidade do solo é maior, ocorrem as matas galerias.

O cerrado distingue-se radicalmente das florestas tropicais úmidas na relação com o fogo. As florestas pluviais, quando sujeitas ao fogo, não se regeneram. Mas os incêndios são elemento natural dos ecossistemas do cerrado e existem espécies que só sobrevivem devido a eles. Durante o incêndio, a camada superficial dos solos funciona como isolante térmico, protegendo o sistema subterrâneo das plantas. Assim, muitas espécies conseguem rebrotar poucos dias após a passagem do fogo.



Fazenda Mocambo no município de Coração de Jesus-MG.
















As cinzas resultantes, cerca de 400 quilos por hectare em um campo cerrado, funcionam como preciosa fonte de nutrientes minerais, absorvidos principalmente pelas plantas do estrato herbáceo-subarbustivo. Assim, nas áreas recobertas´por campos limpos, campos sujos e campos cerrados, o fogo participa da reciclagem de nutrientes. Já os cerradões são menos adaptados às queimadas e, quando ocorrem frequentes incêndios provocados por fazendeiros, podem se degradar em campos limpos. As matas ciliares, que servem de abrigo e fonte de água e alimentos para diversas espécies da fauna, resistem menos ainda às queimadas.


Estima-se que o cerrado abrigue cerca de um terço da biota brasileira e algo como 5% da flora e fauna mundiais. Sua flora, por exemplo, é a mais diversas entre todas as savanas tropicais. Ela abrange 774 espécies de árvores e arbustos, das quais 429 são edêmicas. A fauna também é bastante diversificada, mas com baixo grau de endemismo, pois a maioria das espécies é de ampla distribuição geográfica.
(Selma Galiza)

CERRADO : Vegetação original do norte de Minas Gerais.

A cidade de Coração de Jesus, Estado de Minas Gerais, Brasil está presenciando a redução dos frutos do cerrado no mercado e para o consumo da comunidade.




















Vista parcial do morro de Lourdes
Município de Coração de Jesus-MG. BRASIL


CARACTERÍSTICAS DO CERRADO

Pequenas árvores de troncos torcidos e recurvados e de folhas grossas, esparsas em meio a uma vegetação rala e rasteira, misturando-se, às vezes, com campos limpos ou matas de árvores não muito altas – esses são os Cerrados, uma extensa área de cerca de 200 milhões de hectares, equivalente, em tamanho, a toda a Europa Ocidental. A paisagem é agressiva, e por isso, durante muito tempo, foi considerada uma área perdida para a economia do país.

Entre as espécies vegetais que caracterizam o Cerrado estão o barbatimão, o pau-santo, a gabiroba, o pequizeiro, o araçá, a sucupira, o pau-terra, a catuaba e o indaiá. Debaixo dessas árvores crescem diferentes tipos de capim, como o capim-flecha, que pode atingir uma altura de 2,5 metros. Onde corre um rio ou córrego, encontram-se as matas ciliares, ou matas de galeria, que são densas florestas estreitas, de árvores maiores, que margeiam os cursos d’água. Nos brejos, próximos às nascentes de água, o buriti domina a paisagem e forma as veredas de buriti.



















Pequizeiro ( foto tirada no cemitério de Coração de Jesus)

Atualmente a cobertura vegetal original do norte de Minas Gerais, especificamente no município de Coração de Jesus, se encontra em estado de "devastação", ou seja, mais de 40% já foi destruída e substituídas pelas carvoeiras e pastagens.
Mesmo assim, ainda temos uma grande quantidade de pequizeiros e outras árvores que compõem o cerrado e fornecem frutos para a população local e regiões vizinhas.




















Pequizeiro : árvore de médio porte, galhos retorcidos, revestido por uma casca grossa e folhas recobertas por uma espécie de cera.


O CERRADO
É a segunda maior formação vegetal brasileira. 
Estendia-se originalmente por uma área de 2 milhões de km², abrangendo dez estados do Brasil Central. Hoje, restam apenas 20% desse total.Típico de regiões tropicais, o cerrado apresenta duas estações bem marcadas: inverno seco e verão chuvoso. Com solo de savana tropical, deficiente em nutrientes e rico em ferro e alumínio, abriga plantas de aparência seca, entre arbustos esparsos e gramíneos, e o cerradão, um tipo mais denso de vegetação, de formação florestal. A presença de três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Tocantins-Araguaia, São Francisco e Prata) na região favorece sua biodiversidade .
Estima-se que 10 mil espécies de vegetais, 837 de aves e 161 de mamíferos vivam ali. Essa riqueza biológica, porém, é seriamente afetada pela caça e pelo comércio ilegal. O cerrado é o sistema ambiental brasileiro que mais sofreu alteração com a ocupação humana. Atualmente, vivem ali cerca de 20 milhões de pessoas. Essa população é majoritariamente urbana e enfrenta problemas como desemprego, falta de habitação e poluição, entre outros. A atividade garimpeira, por exemplo, intensa na região, contaminou os rios de mercúrio e contribuiu para seu assoreamento. A mineração favoreceu o desgaste e a erosão dos solos. Na economia, também se destaca a agricultura mecanizada de soja, milho e algodão, que começa a se expandir principalmente a partir da década de 80. Nos últimos 30 anos, a pecuária extensiva, as monoculturas e a abertura de estradas destruíram boa parte do cerrado. Hoje, menos de 2% está protegido em parques ou reservas.



















O pequi é uma fruta nativa do cerrado brasileiro, muito utilizada na cozinha nordestina, do centro-oeste e norte de Minas Gerais. Em Goiás e Mato Grosso, é conhecido como o rei do cerrado, tal o seu valor como alimento.

Os Cerrados apresentam relevos variados, embora predominem os amplos planaltos. Metade do Cerrado situa-se entre 300 e 600 metros acima do nível do mar, e apenas 5,5% atingem uma altitude acima de 900 metros. Em pelo menos 2/3 da região o inverno é demarcado por um período de seca que prolonga-se por cinco a seis meses. Seu solo esconde um grande manancial de água, que alimenta seus rios.











Município de Coração de Jesus-MG. BRASIL

O cerrado é a segunda maior região biogeográfica do Brasil, se estende por 25% do território nacional, cerca de 200 milhões de hectares (4), englobando 12 estados. Sua área "core", ou nuclear, ocupa toda a área do Brasil central, incluindo os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, a região sul de Mato Grosso, o oeste e norte de Minas Gerais, oeste da Bahia e o Distrito Federal.
Prolongações da área "core" do cerrado, denominadas áreas marginais, estendem-se, em direção ao norte do país, alcançando a região centro-sul do Maranhão e norte do Piauí, para oeste, até Rondônia, existem ainda fragmentos desta vegetação, formando as áreas disjuntas do cerrado, que ocupam 1/5 do estado de São Paulo, e os estados de Rondônia e Amapá.













A professora de geografia Selma Vasconcelos Galiza, preocupada com a devastação do cerrado, está elaborando projetos para recuperação e preservação deste bioma.

Podem ser encontradas ainda manchas de Cerrado incrustadas na região da caatinga, floresta atlântica e floresta amazônica.
Devido a sua localização, o cerrado, compartilha espécimes com a maioria dos biomas brasileiros (floresta amazônica, caatinga e floresta atlântica). devido a esse fato possui uma biodiversidade comparável a da floresta amazônica. Contudo devido ao alto grau de endemismo, cerca de 45% de suas espécies são exclusivas de algumas regiões (4), e a ocupação desordenada e destrutiva de sua área o cerrado é hoje o ecossistema brasileiro que mais sofre agressões por parte do "desenvolvimento".

"Mas logo que caem firmes e regulares as primeiras chuvas, tudo revive novamente. O penasco, o mimoso, ou outro capim, atapetam imediatamente os espaços, os arbustos como que milagrosamente se cobrem de folhas e as árvores criam novas ramagens. Em breve, as flores mais variadas enfeitam o sertão, num verdadeiro afã da natureza de esquecer a quadra mesquinha." ( BERNARDES, Nilo, "As caatingas". Revista Estudos Avançados, n.36.São Paulo: IESA-USP, maio/ago.1999.p.69 )

O pequizeiro é uma árvore protegida por lei que impede seu corte e comercialização em todo o território nacional.
A árvore do pequí atinge geralmente 10 metros de altura, tronco com ramos grossos, normalmente tortuosos, de casca áspera e rugosa de cor castanha acinzentada.
Folhas pilosas, recobertas com pelos curtos, compostas, formadas por três folíolos com as bordas recortadas, tendo as nervuras bem marcadas. Suas folhas, ricas em tanino, fornecem substância tintorial, usadas pelas tecelãs.
Grandes flores brancas-amareladas, vistosas e bastante decorativos. As flores, de até 8 cm de diâmetro, são hermafroditas. O pequizeiro floresce durante os meses de agosto a novembro.


















Kelly Anne

Características do fruto do pequizeiro

Fruto tipo drupa, arredondado, casca esverdeada, como um abacate pequeno, só que mais rechonchudinho. O fruto, do tamanho de uma pequena laranja, está maduro quando sua casca, que permanece sempre da mesma cor verde-amarelada, amolece. Polpa de coloração amarela intensa que envolve uma semente dura, formada por grande quantidade de pequenos espinhos. Seu caroço é dotado de muitos espinhos, e há necessidade de muito cuidado ao roer o fruto, evitando cravar nele os dentes, o que pode causar sérios ferimentos nas gengivas. Frutificação de novembro a fevereiro.
Altamente calórico, perfumado, assim como o gosto meio adocicado, é usado como condimento. O fruto do pequizeiro é rico em Vit. A e C, principalmente. Sua polpa contém uma boa quantidade de óleo comestível, sendo muito rica em vitamina A e proteínas.
Os frutos são muito usados para se cozinhar com arroz ou outros pratos salgados, das mais variadas formas: cozido, no arroz, no frango, com macarrão, com peixe, com carnes, no leite, e na forma de um dos mais apreciados licores de Goiás. Seu grande atrativo, além do sabor, são os cristais que forma na garrafa, que dizem, são afrodisíacos.
A amêndoa ou castanha é comestível e muito saborosa. É utilizada na indústria de cosméticos para a produção de sabonetes e cremes, usado para fortalecer a pele.
O óleo da polpa tem efeito tonificante, sendo usado contra bronquites, gripes, resfriados e controle de tumores. O chá das folhas é tido como regulador menstrual, combatendo também enfermidades dos rins e bexiga.

O pequi deve ser comido apenas com as mãos, jamais com talheres.
Deve ser levado a boca para então ser "raspado" - cuidadosamente - com os dentes, até que a parte amarela comece a ficar esbranquiçada e parar antes que os espinhos possam ser vistos.
Jamais atire os caroços ao chão: eles secam rápido e os espinhos podem se soltar.
A castanha existente dentro do caroço é muito saborosa; para comê-la, basta deixar os caroços secarem por uns dois dias e depois torrá-los.
A raiz é tóxica e, quando macerada, serve para matar peixes. Sua madeira é de ótima qualidade, alta resistência e boa durabilidade. A madeira fornece dormentes, postes, peças para carro-de-boi, construção naval e civil e obras de arte. Suas cinzas produzem potassa utilizada no preparo de sabões caseiros. A casca fornece tinta, de cor acastanhada, utilizada pelos artesãos no tingimento de algodão e lã.

No Parque Indígena do Xingu (MT), representa uma reserva alimentar para a época das chuvas, quando a caça e a pesca escasseiam.
É também conhecido como piqui, piquiá, amêndoa, amêndoa-de-espinho, grão-de-cavalo, suarí. A palavra pequi, na língua indígena, significa "casca espinhosa".




















Trechos com caatinga, popularmente conhecido como Macambira (C.Jesus-MG.)