Dia Internacional da Mulher

A importância da mulher na sociedade faz-se cada vez mais intensiva na ocupação de cargos públicos e privados.
No entanto, há ainda muitos avanços a serem conquistados.
Selma Galiza

A figura da mulher, de elemento secundário, passou a ser algo extremamente importante na sociedade atual, onde ela exerce cada vez mais um papel de protagonista, embora ainda sofra com as heranças históricas do sistema social patriarcalista em seu dia a dia. Com o tempo, graças às lutas promovidas, a mulher vem conseguindo aumentar o seu espaço nas estruturas sociais, abandonando a figura de mera dona de casa e assumindo postos de trabalho, cargos importantes em empresas e estruturas hierárquicas menos submissas.
Apesar de uma maior presença no mercado de trabalho, ainda há uma desigualdade no que se refere aos diferentes gêneros. A mulher, em muitos perfis familiares, acumula tanto as funções trabalhistas quanto as domésticas e até as maternas, ficando, muitas vezes, sobrecarregada. Além disso, o número de mulheres ocupando cargos de nível superior nas empresas ainda é menor, embora elas constituam a maioria apta a pertencer ao mercado de trabalho. E por falar em trabalho, o salário da mulher ainda é proporcionalmente menor do que o dos homens na sociedade atual, fator que fica ainda mais crítico quando nos referimos às mulheres negras.
Representação feminina no poder não acompanha emancipação observada em outras áreas da sociedade.

Professora e Socióloga Selma Galiza

Nos cargos políticos, apesar de termos superado o fato de nunca ter havido uma presidente mulher no Brasil – e também em outros países da América Latina, tais como Argentina e Chile –, ainda é desigual a comparação entre mulheres e homens nos cargos executivos, legislativos e judiciários. Foi na Argentina, inclusive, que a primeira mulher (Isabel Martínez de Perón) ocupou o cargo de presidente no mundo, embora outras mulheres tenham ocupado cargos de chefes de Estado anteriormente em outros locais do globo.
Homenagem às mulheres da E.E.Benício Prates
Nas eleições de 2014, apenas 10% dos candidatos eleitos eram mulheres. Embora esse número seja melhor que nas eleições anteriores, ele ainda é muito baixo. Além disso, cinco estados (AL, ES, MT, PB e SE) não elegeram sequer uma mulher para um dos cargos de deputados federais, e mesmo aqueles que apresentaram os melhores índices (AP e TO) completaram apenas 38% do total de eleitos com mulheres.

Pastoral Familiar de Coração de Jesus-MG
O papel Feminino na Economia

A atual organização da produção apresenta um caráter dinâmico, sujeito à alterações profundas que atingem o mercado de trabalho e o modo como homens e mulheres se inserem no mesmo. Assim, o conhecimento de como se estrutura o mercado de trabalho, as formas contínuas de arranjo e rearranjo de suas atividades, bem como, os papéis destinados ao homem e à mulher contribuem para um melhor entendimento da questão principal a que se propôs esta pesquisa: estudar as razões, mecanismos e condições de inserção de homens e mulheres na economia, enfatizando a existência de áreas de atuação masculinas e femininas bem delineadas e separadas. Isto pode se revelar um importante subsídio, por exemplo, para a elaboração de políticas públicas de emprego.
Kelly Anne (enfermeira) e Katyane (Escriturária)
Estudos sobre o papel da mulher na economia se iniciaram a partir da década de 1960, aprofundando-se num salto qualitativo durante a década de 1980, quando surgem propostas de incorporação do conceito de gênero para o entendimento dessa questão. Percebeu-se então que através de relações socialmente construídas é estabelecida a divisão do trabalho por gênero, ou seja, que existem influências determinantes de gênero nas atividades que são destinadas ao homem e à mulher, bem como são importantes na formação de expectativas de comportamento distintas para ambos. 
A metodologia empregada foi a de revisão bibliográfica seguida da compilação de dados estatísticos obtidos do IBGE, PNAD, SEADE, sempre utilizando a questão de gênero como perspectiva para a análise do material encontrado durante a pesquisa. Muitas vezes, no entanto, esses dados não estavam disponíveis, ou quando presentes, refletiam distorções técnicas de pesquisa subregistros, etc, principalmente quando se tratava de quantificar a mulher. 
Os resultados encontrados confirmam a hipótese de que a inserção da mulher no mercado de trabalho é ainda influenciada pela questão de gênero: a participação feminina na PEA é menor quando comparada à masculina (embora exista a questão do subregistro), apesar do crescimento expressivo nos últimos anos; 
Katyane Galiza e Caio Torquato
o papel reprodutivo da mulher é crucial em determinar a participação da mesma no mercado de trabalho, na maioria das vezes funcionando como fator impeditivo; a posição ocupada pela mulher dentro da família influencia o grau de atividade da mesma; a remuneração das mulheres é inferior à masculina em todas as profissões; o leque de ocupações disponíveis às mulheres é mais estreito que para os homens; persistem para as mulheres as profissões ligadas ao ensino, enfermagem, indústria têxtil, além do que a participação das mulheres no setor de serviços é bastante relevante.  
Ratifica-se portanto a hipótese adotada que relaciona a questão de gênero à inserção da mulher no mercado de trabalho, delineando muito bem os papéis masculinos e femininos. Existe todo um processo dinâmico que cria e recria nichos de atuação de homens e mulheres por toda a atividade econômica, na maioria das vezes submetendo as mulheres a uma condição inferior à masculina. Estes valores culturais e psicológicos construídos, embora sejam passíveis de modificações ao longo do tempo e do espaço, podem ser considerados como um dos fatores responsáveis pela subordinação da mulher no trabalho. 
(Selma, Sabrina, Maria e Silmar)

Parabéns à todas as MULHERES
Para que tivéssemos uma visão mais abrangente da questão, seria necessário realizar a intersecção entre gênero, classe e etnia.







Os Focos de Conflitos no Mundo Atual

Ainda existem muitas regiões do mundo vivendo intensos conflitos. As lutas são provocadas por diversos motivos, como disputa por territórios, independência, questões religiosas e recursos naturais.

Os conflitos mundiais são estudados pela Geografia dos Conflitos. 


Vamos conhecer agora alguns focos de conflitos no mundo atual:

México: é marcado pela luta do EZLN – Exército Zapatista de Libertação Nacional. O EZLN controla o sul do país, a região mais pobre do México. O grupo acusa o governo do México de excluir e marginalizar a população pobre do país.

Afeganistão: o grupo fundamentalista Taleban promove diversos ataques e guerras civis.

Sri Lanka: é marcado por um conflito de origem religiosa. Os Tâmeis (hinduístas) lutam contra cingaleses (budistas). Essa luta acontece desde 1980.

África: na Nigéria, o maior conflito é entre cristãos e muçulmanos.

África: em Serra Leoa, uma das nações mais pobres do mundo, acontece uma guerrilha contra o governo. O objetivo é tomar o poder no país.

Israel: marcado pelo conflito entre árabes e israelenses. Os palestinos reivindicam o reconhecimento de um Estado independente na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, territórios atualmente ocupados por Israel.

Espanha: o movimento nacionalista pela independência do País Basco, região localizada ao norte da Espanha, é dominado pelo grupo ETA (Pátria Basca e Liberdade).

Argélia: o país da África vive uma guerra civil desde 1992. O grupo luta pela criação de um estado teocrático na Argélia.

Tibet: a região é controlada pela China desde 1950, mas muitos lutam pela independência da área. Mais de 1,2 milhão tibetanos morreram durante a ocupação do Tibet.

Irlanda do Norte: marcada por uma luta entre católicos e protestantes. Os católicos buscam uma unificação com a República da Irlanda há 30 anos.

Iraque: enfrenta divergências ligadas a questões religiosas, econômicas, territoriais e étnicas. O país esteve envolvido em confrontos com o Irã, o Kuwait e os Estados Unidos.

Colômbia: região ocupada por guerrilheiros chamados de FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). A organização tem ligação com a produção de cocaína e com o narcotráfico.

PERESTROIKA E GLASNOST: AS REFORMAS DA URSS QUE INICIARAM UMA NOVA ORDEM MUNDIAL

Perestroika significa reconstrução e consistia na tentativa de recuperação soviética; enquanto que Glasnost significa transparência e visava à liberdade de expressão da sociedade.

Se hoje percebemos a globalização pelo papel assumido pela internet, pela complexalização e ampliação das transações comerciais e financeiras ou pela velocidade com que as informações chegam até nós, é importante ressaltar que isso tudo é, de certo modo, consequência de vários fatores históricos – dentre eles, o fim da Guerra Fria. Sendo assim, compreender minimamente as mudanças ocorridas na URSS ao final dos anos 1980, com o advento da Perestroika e da Glasnost, é fundamental não apenas para a compreensão do que desencadeou o fim do bloco socialista, mas também para o entendimento de como se daria mais tarde a configuração de uma nova ordem mundial.
 Em 1989 chegava ao fim a chamada Guerra Fria, período no qual o mundo esteve dividido em dois blocos: de um lado, o bloco capitalista representado pelos EUA; e, do outro, o bloco socialista representado pela URSS, liderado pela Rússia. Terminada a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), em 1946 começaria um período marcado por uma forte disputa pelo domínio ideológico entre tais blocos, bem como pela chamada corrida espacial e tecnológica. O final dessa história já se sabe, pois o modelo capitalista saiu vitorioso após as reformas econômicas e políticas promovidas pela União Soviética quando esta já agonizava, sem condições de manter o projeto socialista e o seu modelo de Estado de bem-estar social. Mas o começo do fim estaria no processo de mudanças internas na URSS, que começou na metade da década de 1980, com Mikhail Gorbachev enquanto secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética, que mais tarde promoveria a implantação da Perestroika e da Glasnost.
Conforme aponta Octavio Ianni em seu livro A Sociedade Global (1995), a Perestroika, palavra que pode ser traduzida por reconstrução, “pôs em prática mudanças profundas na estrutura do sistema econômico soviético, com a substituição dos mecanismos de economia centralmente planificada pelos mecanismos de economia de mercado”. (IANNI, p. 12). Tratou-se de uma reestruturação econômica e reorientação dos gastos públicos, diminuindo-se, por exemplo, os investimentos na área da defesa. Considerando-se o estabelecimento de uma “corrida espacial” entre EUA e URSS materializada na disputa pelo domínio das tecnologias de defesa (produção de bombas nucleares) e para exploração do espaço (a exemplo da criação de satélites e foguetes), a URSS, encabeçada pela Rússia, comprometia sua economia interna e, dessa forma, o funcionamento de seu modelo de Estado de bem-estar social. Mikhail Gorbachev, sendo citado por Octavio Ianni, afirmaria que: “A perestroika é uma necessidade urgente que surgiu da profundidade dos processos de desenvolvimento em nossa sociedade socialista. Esta encontra-se pronta para ser mudada e há muito tempo que anseia por mudanças. Qualquer demora para implantar a perestroika poderia levar, num futuro próximo, a uma situação interna exacerbada que, em termos claros, constituiria um terreno fértil para uma grave crise social, econômica e política [...]”. (ibidem, p. 12). Obviamente, é preciso ressaltar que a Perestroika enquanto reforma não objetivava, necessariamente, a rendição ao bloco capitalista, mas sim a tentativa de recuperação soviética.
Mas as reformas, como se sabe, não se pautaram apenas do ponto de vista econômico, mas também político, promovendo-se (também no bojo dessas mudanças) a chamada Glasnost, palavra que em russo está ligada à ideia de transparência. A alusão à ideia de transparência estaria no sentido do abrandamento do poder e da presença de um estado forte, cerceador de liberdades. Logo, paralelamente às mudanças promovidas pela Perestroika, estaria a tentativa de uma maior abertura para uma liberdade de expressão da sociedade (que até então não poderia reclamar quanto ao governo), ao mesmo tempo em que surgia um esforço para uma maior transparência das ações do governo, o que refletiria na política positivamente. Assim, como aponta Ianni (1995), a Glasnost teria inaugurado a democratização, e dessa forma a quebra do monopólio da vida política nacional pelo Partido Comunista e o abandono do esquema Estado-partido-sindicato, promovendo uma maior transparência nas relações políticas. Dessa forma, desarticulavam-se as bases da União Soviética e, ao final dos anos 80, assistia-se a queda do muro de Berlim, símbolo da divisão do mundo, o que significaria a vitória da ideologia capitalista. Tem-se, desde então, a configuração de uma nova ordem mundial, iniciada pela reorganização das relações internacionais.
Assim, tais reformas promovidas pelo governo soviético representaram o desmonte do chamado socialismo real, caracterizado em linhas gerais por um sistema de partido único, com um governo centralizador com forte controle não apenas na política, mas na economia e na cultura. Atualmente, a China seria um país com um modelo político-administrativo muito próximo daquilo que foi a URSS, mas diferencia-se, fundamentalmente, pela forma como aderiu ao capitalismo enquanto modo de produção da vida, tornando-se uma das sociedades mais complexas aos olhos de analistas de todo o mundo.
Referências:
IANNI, Octavio. A Sociedade Global. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1995