Geografia : Aula de Campo - Rio São Francisco

Alunos do 3º ano A, 2011 da E.E.Benício Prates, participam de uma aula de campo na cidade de Pirapora/Mg e Buritizeiro/Mg onde estudaram o distrito industrial , rio da Velhas e São Francisco como complementação do conteúdo sobre hidroconflitos, juntamente com os profs. Selma Galiza(geo),Rosemary Nobre (ciência/Biologia), José Carlos e Flávia ( Ed.Física).
Os alunos do 3º ano A da E.E.Benício Prates, sob a coordenação da prof.geografia Selma Galiza, participaram de uma aula de campo na cidade de Pirapora/MG. Durante o percurso, os alunos conheceram uma área de pastagem onde existe a criação extensiva de gado no vale do São Francisco.
Foi apresentado também, uma Igreja Histórica construída no séc.XII às margens do rio das Velhas na Barra do Guaicuí, distrito de Várzea da Palma, onde acontece a confluência do rio das Velhas com o rio São Francisco.
A prof. apresentou também para os alunos , um distrito industrial ( têxtil e metalúrgicas ) em Pirapora, o Benjamim Guimarães, único barco à vapor em funcionamento no mundo, a ponte Marechal Hermes e as lindas cachoeiras do São Francisco observadas de Buritizeiro/MG e Pirapora/MG.
Participaram também da aula de campo as professoras Rosemary Ramos Nobre ( Ciência e Biologia ) e os professores de Educação Física José Carlos Martins dos Santos e Flávia Cândida Trindade Lima.O alunos observam a ruína da Igreja Histórica em Barra do Guaicuí, distrito de Várzea da Palma/Mg.
Pertencendo ao Município de Várzea da Palma, o Distrito de Barra do Guaicuí – distante a 23 km de Pirapora, BR 365, sentido Montes Claros – possui, além da beleza natural, um riquíssimo patrimônio histórico e cultural. A história da Barra é recheada de acontecimentos que remetem ao século XVII, quando o local foi povoado por índios Cariris, emigrados de Santana do Cariri, no Ceará, que chegaram à região, segundo os historiadores, provavelmente em busca de caça e pesca abundantes. A posição geográfica do Distrito do Guaicuí confere importância turística e ecológica a este fascinante pedaço de sertão mineiro. Ali ocorre o encontro das águas do rio das Velhas - significado de Guaicuí em tupi-guarani - com o rio São Francisco. Um encontro que gerou muitas histórias e lendas.
A historiografia oficial não preenche determinadas lacunas sobre o pioneirismo da ocupação do local. Pode ter sido primeiramente ocupado pela Bandeira de Fernão Dias, chefiada por Manuel de Borba Gato, que teria descido o rio das Velhas desde o território onde hoje está situada a cidade histórica de Sabará - na região metropolitana de Belo Horizonte. A primazia da ocupação também é atribuída aos grandes fazendeiros baianos, que empurrando o gado pelo rio acima, teriam atingido a região, antes da chegada dos bandeirantes. A tradição, no entanto, não tem dúvidas ao sugerir a presença de padres jesuítas no local, nos séculos XVII e XVIII, época em que teriam construído históricas edificações que hoje se encontram em ruínas nesta área.
O acervo histórico e arquitetônico da região de Guaicuí abriga importantes edificações, como as ruínas da Igreja de Pedra - na Barra, e da Igreja Nossa Senhora de Bom Sucesso - em Porteiras, além da Igreja Senhor Bom Jesus do Matozinhos e um rico acervo de imagens sacras - esculturas, que integram o Patrimônio Histórico de Várzea da Palma e remontam o período colonial.Rio das Velhas
As ruínas da Igreja de Pedra – Igreja Bom Jesus de Matozinhos – é uma atração à parte. Construída pelos escravos no século XVII, entre os anos de 1650 e 1679, às margens do rio das Velhas, tem estilo colonial e foi edificada com pedras e argamassa de cal. A construção, no entanto, nunca foi finalizada. A capela-mor foi construída primeiro, enquanto que a nave nunca chegou a receber cobertura. Um fato curioso, que chama a atenção dos turistas pela sua peculiaridade, é a existência de uma enorme gameleira que nasceu sobre as paredes há mais de 30 anos. A copa da árvore cresceu e hoje sobressai das ruínas, enquanto suas raízes desceram pela parede e penetraram no solo. Essa parede, mistura de pedras e raízes, permanece inteira sustentando a árvore. De um lado, a pedra, do outro, a força da vida edificando o monumento. A obra do homem e a natureza abraçaram-se para sobreviver ao desgaste do tempo.
No século XVIII, com as constantes enchentes e febres palúdicas em Guaicuí, a Igreja de Bom Jesus de Matozinhos ficou abandonada. Os moradores procuraram um local mais alto para fixar residência e foram para o vizinho povoado de Porteiras, onde construíram a Igreja de Nossa Senhora de Bom Sucesso, que teve sua opulência até o início do Século XX, quando suas paredes e telhados desabaram. Em 1906, já havia uma vila de pescadores em Guaicuí, onde se deu início a construção da “nova Igreja” Senhor Bom Jesus de Matozinhos, atualmente mantida pela comunidade local.

Rio São Francisco
As duchas do rio São Francisco em Pirapora/MG
O Rio São Francisco, também chamado de “Rio da Unidade Nacional”, nasce na Serra da Canastra – Sudoeste mineiro, no município de São Roque de Minas e deságua no mar, entre os municípios de Piaçabuçu/AL e Brejo Grande/SE. Seu curso principal de 3.161 km, 58% no Polígono das Secas, é dividido em quatro grandes regiões: Alto São Francisco (da nascente a Pirapora), Médio São Francisco (de Pirapora a Sobradinho), Submédio São Francisco (de Sobradinho a Paulo Afonso) e Baixo São Francisco (de Paulo Afonso à foz). Sua bacia hidrográfica, com 640 mil km2 de área, atinge cerca de 500 municípios em sete unidades da Federação assim distribuídos: 83% de sua área nos estados de Minas Gerais e Bahia; 16% nos estados de Pernambuco, Alagoas e Sergipe e 1% no estado de Goiás e Distrito Federal.
O São Francisco conduz em seu leito um universo de informações preciosas sobre a história do Brasil, protagonizada por índios, tropeiros, mineradores, bandeirantes, salteadores, remeiros e ribeirinhos. No passado, era do grande rio que os índios tiravam seu sustento e construíam sua cultura. As marcas destes tempos pré-históricos ficaram registradas por toda à parte, em vários sítios arqueológicos como nas cavernas do Vale do Peruaçu - em Januária, ou no Cemitério da Caixa d´Água, na vizinha cidade de Buritizeiro. Tudo isso em meio a uma paisagem rica e diversificada que, embora ameaçada, ainda se encontra protegida em alguns parques e reservas ecológicas.
Com os descobrimentos, os passos dos colonizadores europeus no século XVI ficaram também gravados nos solos férteis das margens do Velho Chico. Entrando pela foz, os portugueses iniciaram a ocupação do território introduzindo a pecuária, a civilização dos currais. Em seguida, as missões dos Jesuítas foram impulsionando a colonização, revelada na beleza arquitetônica de históricas cidades como Penedo/AL, em ruínas de templos inacabados, como na Igreja de Pedra - na Barra do Guacuí/MG ou na Igreja da Gruta, em Bom Jesus da Lapa/BA. Na segunda metade do século XIX e início do XX, a navegação a vapor, as ferrovias e a energia elétrica iluminariam a rota do São Francisco. É testemunha dessa época o Vapor Benjamim Guimarães, que por quase 80 anos realizou o trajeto entre Pirapora e Juazeiro/BA. Entrelaçadas através dos séculos, estas trajetórias pelas águas do São Francisco estão vivas nas mais belas manifestações da cultura barranqueira, como as carrancas, os mitos e as lendas que compõem forte simbologia da identidade da cultura brasileira e revelam as riquezas desse patrimônio chamado Rio da Unidade Nacional, que inspirou grandes literários como Guimarães Rosa, Euclides da Cunha, Graciliano Ramos, Carlos Drumond de Andrade e Ariano Suassuma.